sábado, 12 de junho de 2010

Tecnologia da Informação no Ambiente Escolar

Hoje, no limiar da passagem para uma sociedade da informação e da comunicação apoiada por uma rede mundial de telecomunicaçôes e mundos virtuais paralelos, a pergunta é se não estaremos vivendo uma situação similar à vivida pelas sociedades ágrafas na sua passagem para uma sociedade letrada, ou à vivida pelas sociedades de escrita artesanal na sua passagem a uma sociedade da imprensa? E se a história se repete em seu movimento de retorno, poderíamos pensar, a exemplo do que já ocorreu em outras épocas, que: em primeiro lugar, os avanços tecnológicos, não apenas os quantitativos, mas especialmente os qualitativos em termos de novas exigências cognitivas, surgem vinculados a profundas transformações geo-políticas e sócio-econômicas, redesenhando o mapa cultural das nossas sociedades; em segundo lugar, um processo de difusão tecnológica, uma vez iniciado, parece ser irreversível; e.r:nJerceiro lugar, um determinado desenvolvimento aparece como um processo em contínua ampliação, como numa espiral- no caso da escrita aliada às tecnologias da informação e da comunicação, por exemplo, a mesma não mais estará afeta a uma, ou a algumas classes sociais; nem a uma nação, ou a um bloco de nações; mas a sua difusão atinge a escala planetária; finalmente, vantagens e desvantagens andam juntas, aparentemente correlacionadas à sofisticação da tecnologia no que respeita à exigência de dispor de novos modelos cognitivos e reflexivos: à universalidade de acesso às redes digitais, informacionais e da comunicação, poderá então corresponder, ao mesmo tempo, como anunciado por diferentes autores, um controle social-econômico-cultural como jamais visto, se a sociedade não dispuser de estratégias que neutralizem este controle, pelo agenciamento de processos dialógicos entre as culturas.



A Educação e a Escola encontram-se impregnadas de tecnologia, tal como os demais setores da nossa sociedade, as tecnologias informacionais e da comunicação são uma realidade no nosso cotidiano e no cotidiano de alunos, professores e funcionários das escolas. A Educação tecnológica, não necessariamente a escrita, é fato para as novas gerações. Sob esta ótica as tecnologias da informação e da comunicação já estão NA Educação, já estão NA Escola. Pois, também a escola é parte integrante da cultura, da sociedade em que está inserida, e o que se passa por dentro da última, faz marcas na primeira, independente do fato de ela aceitar, ou resistir, ou combater, ou se render a determinado estado de coisas - neste sentido, aceitar, resistir, combater, incluir, excluir são marcas que se equivalem, na revelação de um pertencimento a uma cultura, a uma sociedade.



O caráter de i.rnersão da sociedade, da escola, na cultura do seu tempo, dificulta o necessário distanciamento do educador, na qualidade de observador, para que possa proceder a tomadas de consciência voltadas à definição de estratégias que lhe permitam pensar a educação na sua relação com as novas tecnologias. Parece-me que a Educação e a Escola encontram-se num impasse: ignorar os desafios dessa nova sociedade que se impõe a passos largos, não resolve; tal como no caso do advento da escrita artesanal e mais tarde da imprensa, as dicotomias tendem a se ampliar e a se agravar; pensar que poderemos recuperar, em termos de desenvolvimento, as distâncias que nos separam dos países desenvolvidos, é uma ilusão – mesmo que fosse teoricamente possível, a prática político-econômica da globalização não abriria espaços para tal.



O que Educação, Escola, professores e alunos, podem fazer para sair desse impasse?





A computação e seus derivados, pode já ser vista (ou deveria ser) como presença definitiva nas salas de aula, do ensino fundamental ao nível superior, seja em forma de laboratórios experimentais e de uso para docentes e discentes nos seus afazeres educacionais (ensino e pesquisa), seja dentro das salas de aula substituindo a lousa, livros e cadernos. O ensino, mesmo que tenha demorado a perceber a informática como mecanismo didático, não a ignora, nem pode ignorar mais. Segundo Norma Godoy (1998), a interatividade do processo pedagógico de uma aula tradicional é de apenas sete minutos. (RIA - Pág1 )



A presença da computação nessa interatividade preenche uma lacuna para melhor aproveitamento do tempo escolar e, conseqüentemente, da produção do saber.Neste contexto, as instituições formadoras de profissionais deveriam ultrapassar o saber somente especializado, técnico-científico, pois o mercado de trabalho e a própria sociedade em si, carecem de pessoas dinâmicas e acompanhadoras das novidades, já que a lógica da “novidade” é marcante nesses nossos tempos. A contemporaneidade cria e necessita de um sujeito em eterna mutação. Como nos lembra uma máxima da antropologia clássica: à medida que inventamos algo, esse algo nos re- inventa.